“A inovação faz parte do nosso dia-a-dia e é fundamental para a nossa existência de longo prazo”

Conversámos com Pedro António, Membro da Comissão Executiva do Grupo Ageas Portugal, que nos falou do caminho estratégico traçado pela empresa para a transformação digital, e como estão a percorrer esse caminho.

Por João Miguel Mesquita

A Ageas Portugal, um dos principais players no setor dos seguros, está atualmente mergulhada num extenso e abrangente programa de transformação tecnológica, com foco na componente digital. Este enfoque digital implica melhorias contínuas nas soluções internas e externas oferecidas a várias partes interessadas, incluindo clientes, colaboradores e parceiros de negócio em vários setores em Portugal. A empresa está a investir estrategicamente em tecnologias emergentes e a utilizar plataformas no-code/low-code para acelerar o desenvolvimento e reduzir o tempo de colocação no mercado. Estes esforços são sustentados por uma rede robusta de parceiros tecnológicos, facilitando o caminho traçado pela empresa rumo à transformação digital.

Conversámos com Pedro António, Membro da Comissão Executiva do Grupo Ageas Portugal, que nos falou do caminho estratégico traçado pela empresa para a transformação digital, e como estão a percorrer esse caminho.

Quais os principais projetos que a Ageas tem em mãos em matéria de Transformação Digital? O que teve de mudar e em que áreas de inovação mais investiu a empresa? Que ferramentas e parceiros usaram na implementação de soluções?

O Grupo Ageas Portugal tem em curso um profundo e abrangente programa de transformação tecnológica que naturalmente impacta de forma significativa a componente digital. Esta vertente digital passa por uma melhoria contínua nas soluções internas e externas que disponibilizamos aos nossos vários stakeholders (Clientes, Colaboradores e Parceiros comerciais) e nas várias áreas de atuação do Grupo em Portugal, tanto numa perspetiva de seguros como em vários negócios não relacionados com o setor segurador e que tem sido uma aposta estratégica no nosso país. Estamos a realizar uma forte aposta em novas tecnologias, recorrendo igualmente a plataformas de no code/low code como acelerador da nossa capacidade de desenvolvimento e de redução do time to market, alicerçados numa ampla rede de parceiros tecnológicos que nos têm acompanhado neste processo de transformação.

Como olha a empresa para a Cloud? Que soluções adotou e qual é a filosofia que a empresa tem neste momento? O que está e não está na Cloud?

Atualmente o Grupo Ageas Portugal tem as suas soluções tecnológicas num data center localizado em Portugal (on prem) e num fornecedor global de Cloud, ou seja, estamos num cenário híbrido com uma gestão eficaz destas duas realidades. Olhamos de forma positiva para a Cloud e tendencialmente será uma plataforma onde iremos progressivamente alojar as novas soluções, tendo por isso a propensão de crescer à medida que formos tendo novas soluções. Será sempre uma opção estratégica em linha com a visão do próprio Grupo Ageas à escala global.

Muito se tem falado na nova forma de trabalho pós covid qual é a posição da empresa e que ferramentas entenderam fundamentais para apetrechar os seus funcionários em regime de híbrido ou de teletrabalho?

A preocupação em dotar todos os nossos colaboradores com os meios para que pudessem ser efetivos em trabalho remoto, é uma realidade desde o início da pandemia, diria mesmo que, até antes desse evento, o Grupo Ageas já estava a preparar-se para ambientes de teletrabalho. Foi graças a esta preparação que conseguimos enviar todos os Colaboradores para casa em março de 2020, mantendo o nível de produtividade da organização. De regresso ao escritório em modelo híbrido, temos vindo a investir em meios e ferramentas que permitem assegurar a mínima disrupção entre estar em casa ou estar no escritório. Hoje funcionamos num modelo de grande flexibilidade, com ferramentas adequadas e ágeis, completamente incorporadas na vida das nossas pessoas.

Como enfrentaram as necessidades relativas ao e-commerce o que mudou nos que se refere a ligação com os retalhistas e no caso da Ageas de alguns corretores e mediadores no que se refere às tecnologias de gestão de CRM e logística?

A Covid-19 só veio acelerar uma tendência que já existia no mercado, que era uma procura cada vez maior por meios de contacto digitais. Esta realidade, acentuada inevitavelmente pela pandemia, afetou todos os negócios, incluindo a atividade seguradora. Temos vindo a trabalhar de forma próxima com os nossos Parceiros de negócio para que cada vez mais a realidade digital seja algo natural para os nossos Clientes. A nossa visão é que todos os nossos produtos e serviços, em qualquer fase da sua vida, estejam disponíveis nos nossos canais digitais, permitindo aos Clientes utilizar o meio que considerem apropriado de acordo com as suas necessidades no momento, podendo, por exemplo, iniciar um processo num canal físico, continuá-lo no digital e, caso assim o entenda, concluí-lo mais tarde de novo num canal físico. Em resumo, que o digital esteja plenamente ao serviço dos nossos clientes.

Qual a grande marca de inovação que a empresa tem para contribuir para o mercado como exemplo de boas práticas?

A inovação é parte integrante do ADN do Grupo Ageas Portugal. Quer em Portugal, quer nas restantes operações internacionais do Grupo, a inovação faz parte do nosso dia-a-dia e é fundamental para a nossa existência de longo prazo. Hoje podemos afirmar que a inovação, a sustentabilidade e a centricidade na Pessoa (Colaboradores, Parceiros, Clientes e Sociedade em geral) são fatores fundamentais na nossa estratégia de futuro, e apenas a articulação entre estas três dimensões pode conduzir-nos com sucesso aos resultados pretendidos. O Grupo investe consistentemente (pessoas e recursos, incluindo financeiros) na área de inovação, podendo destacar o investimento recente em projetos de saúde mental (tanto para Clientes como para Colaboradores) e os programas de inovação abertos a start-ups de mercado (nacional e internacional) e aos nossos Colaboradores, como estímulo para que a inovação seja uma presença constante em tudo o que fazemos.

Como estão a olhar para a Governança de Dados e o que estão a fazer relativamente à gestão dos mesmos?

A importância dos dados nos dias de hoje é crucial para o sucesso de qualquer negócio. Nesse sentido, o Grupo Ageas Portugal constituiu uma equipa inteiramente dedicada à extração, transformação e disponibilização de dados (Data Office) e está a implementar e divulgar ferramentas e meios de trabalho para que todas as áreas da organização possam usufruir dos dados, tanto numa perspetiva mais estática (reporting e dashboards), como numa perspetiva mais analítica (análise de dados para a obtenção de insights de negócio). Com o objetivo de ser verdadeiramente uma organização data driven, implementámos um modelo de gestão descentralizado e ágil, permitindo a todas as áreas da organização terem a capacidade de aceder e trabalhar dados.

Como têm enfrentado as questões de falta de talento em para implementar projetos TI? Tem conseguido fixar quadros importantes no desenvolvimento de novos projetos?

A questão do talento é um fator cada vez mais presente em todas as dimensões tecnológicas e acentuou-se com os efeitos da pandemia no mercado de trabalho. Agora é cada vez mais fácil estar fisicamente num sítio e estarmos a trabalhar à escala global. Como Portugal é genericamente conhecido como uma excelente plataforma de conhecimento tecnológico, é então natural que a procura esteja a exceder largamente a capacidade de oferta no nosso mercado de trabalho. O Grupo Ageas Portugal tem vindo a enfrentar esta realidade com uma equipa interna estável e conhecedora da realidade tecnológica em geral e com um profundo conhecimento da tecnologia e do negócio da organização. Em paralelo tem construído parcerias com integradores de mercado, através da criação de relações de longo prazo que permitam a esses Parceiros sentirem-se parte da organização e da nossa estratégia tecnológica, assegurando estabilidade de equipas e de pessoas chave. Adicionalmente, e sendo a Ageas um Grupo internacional, temos igualmente a oportunidade de contar com o apoio da organização à escala global, obtendo suporte, sempre que necessário, em áreas específicas de conhecimento.

Qual o fator, e tecnologia que mais tem contribuído para a digitalização do vosso negócio?

              Não é fácil destacar um fator ou uma tecnologia. No Grupo Ageas Portugal compreendemos e aceitamos que a tecnologia tem um papel cada vez mais relevante em tudo o que fazemos e isso não é uma particularidade da nossa organização ou do nosso mercado, é a realidade do mundo de hoje. A tecnologia está hoje em tudo o que fazemos, tanto numa perspetiva da nossa vida pessoal como profissional. Por isso, é perfeitamente natural que na Organização a tecnologia tenha um papel cada vez mais relevante em tudo o que fazemos. Temos essa consciência e atuamos em conformidade, desenhando e implementando soluções tecnológicas que afetam positivamente a organização como um todo. Trata-se de uma visão com impacto 360º, ou seja, melhorar a experiência dos nossos Parceiros e Clientes, trazer mais eficiência para a organização, proporcionar uma jornada de trabalho mais ágil e dinâmica aos nossos próprios colaboradores, contribuindo para uma visão mais sustentável do nosso planeta e que crie um impacto positivo na sociedade onde nos inserimos. É esta visão holística que procuramos diariamente entregar, sabendo que o nosso trabalho nunca está completo. Estamos focados na melhoria contínua e na procura ininterrupta por providenciar as melhores soluções tecnológicas a todos os nossos stakeholders.

Como está o Grupo Ageas Portugal a lidar com o advento da IA generativa tanto internamente, como ferramenta para auxiliar algumas áreas de negócios?

A Inteligência Artificial é matéria em que o Grupo Ageas em Portugal tem vindo a investir com o objetivo de aproveitar o seu melhor para benefício da organização, tendo constituído uma equipa de trabalho totalmente dedicada à identificação e exploração holística de oportunidades nas várias vertentes do nosso negócio. Atualmente, existem múltiplas oportunidades, pelo que importa perceber quais as nossas prioridades em função do impacto esperado, do grau de exigência para a sua implementação e, simultaneamente, assegurar o seu enquadramento com a estratégia mais ampla para as tecnologias de informação no grupo. Para além de já termos realizado algumas provas de conceito, estamos a concluir a implementação de uma fábrica de serviços cognitivos que será um acelerador para a exploração de oportunidades nesta área, sendo que a capacidade de interpretação e decisão sobre dados estruturados e não estruturados é seguramente uma das primeiras áreas de interesse. Estamos igualmente abertos ao mercado e a explorar outras oportunidades com várias start-ups, o que em algumas áreas poderá, no futuro, apresentar ideias bastante disruptivas na forma como fazemos negócio.

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