A China está de volta ao jogo!

O PIB da China cresceu 0,4% no segundo trimestre de 2022, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Por Daniel Lau

Este foi o segundo ritmo mais baixo desde que os dados trimestrais começaram há 30 anos, e só foi maior no primeiro trimestre de 2020, quando a pandemia começou e a economia contraiu 2,6%, refletindo o impacto significativo do recente aumento na sociedade. No entanto, com a situação da saúde gradualmente controlada e a introdução de um apoio político adicional, a atividade económica apresentou uma melhoria generalizada em junho face à baixa de abril, dando excelentes sinais de que está a recuperar o fôlego.

Para estimular ainda mais o crescimento, o Conselho de Estado da China divulgou um conjunto de 33 medidas de apoio no final de maio. Estas iniciativas envolvem redução de impostos, aceleração da emissão de títulos especiais, investimento em infraestruturas, aumento de empréstimos inclusivos para pequenas e médias empresas e redução de impostos para a compra de alguns automóveis. Estas existências levaram a uma rápida melhoria do reinício da produção industrial, que passou de 0,7% em maio para 3,9% em junho.

As restrições à circulação e à locomoção interna devido à pandemia também provocaram uma diminuição do consumo interno e, consequentemente, nas vendas a retalho durante o segundo trimestre deste ano, refletindo também a baixa confiança dos consumidores. Mas depois de três meses de contração, o crescimento do retalho em junho voltou a ser positivo, subindo 3,1% — bem acima das expectativas do mercado.

Outro bom sinal de recuperação para o segundo semestre foi observado no setor dos serviços, com o índice PMI (sigla para a instituição que valida boas práticas de gestão de projetos) a avançar de 47,8% em maio para 54,7% em junho nesta área. Também as vendas no segmento automóvel recuperaram no final do semestre, fechando o mês passado com um aumento de 13,9%. Este desempenho foi impulsionado principalmente pela melhoria da cadeia de abastecimento e pelas políticas de apoio, reduzindo o imposto sobre as compras.

Todos estes indicadores de melhoria foram também acompanhados pela circulação do mercado de trabalho, que apresentou índices muito mais satisfatórios. Na comparação entre abril e junho, o número total de desempregados caiu de 6,1% para 5,5%. Por outro lado, a taxa de desemprego do subgrupo dos 16 aos 24 anos aumentou. E face à expectativa recorde de dez milhões de estudantes que se formam ainda este ano, a estabilidade do mercado de trabalho continuará como uma das principais prioridades do Governo chinês.

O crescimento das exportações também superou as expectativas, impulsionadas pela continuação da procura externa. A recuperação foi impressionante, passando de 3,7% em abril para um saldo de 17,9% em junho. O resultado superou qualquer expectativa aumentada e indica que este sector continua a ser um fator chave para o crescimento económico, aliado ao aumento dos investimentos na indústria transformadora e nas infraestruturas.

É evidente que a estrutura de exportação da China também está a melhorar, com um rápido crescimento das entregas de alta tecnologia. O crescimento robusto destas transações no segundo trimestre foi impulsionado principalmente por máquinas e produtos elétricos. A exportação de novos produtos do setor energético, como as células solares e as baterias, também registou um forte aumento. Além disso, as vendas de produtos químicos e metais de base, como o aço e o cobre, também cresceram rapidamente, impulsionadas pela recuperação da produção ultramarina e pelo aumento dos preços das matérias-primas.

A última reunião do Governo Central, em julho, declarou que o objetivo atual é manter o emprego e a inflação estáveis, assegurar o crescimento económico dentro de um intervalo razoável e procurar o melhor resultado. Esta mesma reunião também encorajou as grandes províncias económicas a assumirem a liderança no apoio ao crescimento para prosseguir o objetivo do ano. Como resultado, o PIB da China deverá surpreender mais uma vez e crescer mais de 5% na segunda metade deste ano.

*Daniel Lau é um parceiro principal da KPMG China Desk no Brasil e América do Sul.

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