A adoção da ciência de dados vai para além da área de tecnologia, influenciando todos os segmentos, do retalho à logística. Na visão de alguns especialistas, a ciência de dados é um diferencial competitivo.
Mas como colocar a ciência de dados na prática? Quatro especialistas no assunto deixam-lhe algumas dicas.
Não procure uma única fonte de dados
Com a evolução do Big Data, criou-se uma terra fértil para se coletar dados e gerar informações. Entender qual o tipo de problema que se quer resolver ou usar os dados para gerar insights é o primeiro passo, e para isso não se deve procurar apenas uma fonte. “Não se trata somente de utilizar uma ferramenta e extrair os dados dos campos de informações. Ainda que hoje se utilizem tabelas estruturadas, o que se procura com o data science é a informação contida num conjunto de campos. A informação está focada no grupo todo, em todo o data set. Muitas vezes não temos os campos organizados, mas temos redes sociais, fotos, bancos de dados”, explica Normelio Schneider Junior, team leader de Data Science na Supero Tecnologia.
Na visão de Bernardo Rachadel, diretor de TI na Qualirede, é preciso procurar formatos de informação que estão em todo lugar. “Quanto mais eu trabalho com data science, mais eu tenho me desvinculado do “campo para consultar tal coisa”. Se continuarmos a espera que tenha todas informações perfeitinhas, vamos continuar com os mesmos desafios que a tecnologia da informação passou e vem passando até hoje, que não consegue resolver os problemas dos negócios. A ciência de dados opera com esta visão não estruturada da informação”, explica.
Comece com pequenos projetos
Criar projetos em data science envolve uma série de profissionais e recursos, porém é possível começar a utilizar esta ciência para resolver pequenas encomendas, de modo a obter algumas vitórias e ir evoluindo. “O custo dos profissionais é alto, mas é possível com poucos recursos obter grandes resultados”, explica Bernardo Rachadel.
Pensamento semelhante tem Marlon Tavares, analista de business intelligence da Ailos com mais de dez anos de experiência. “Resolvendo pequenos problemas, evita aquele pensamento que está a demorar muito para ter um resultado. Ciência de dados é um estudo, às vezes é preciso voltar um passo atrás para rever o que foi feito. Ter formação não significa que está pronto, é um processo longo”.
Invista em profissionais qualificados
Em um levantamento do Linkedin das 15 profissões em alta no mundo em 2020, três delas estão diretamente ligadas à ciência de dados: cientista de dados, engenheiro de dados e especialista em inteligência artificial. Encontrar profissionais qualificados ainda é um desafio em alguns países, uma vez que é necessário uma série de competências.
Embora exista quem defenda que o cientista de dados é um conjunto de pessoas, com um conjunto de competências diversas, que trabalham em equipa de forma perfeita e não um só profissional. Não torna mais fácil o recrutamento dos profissionais adequados, mas em alguns casos promove a requalificação de quadros internos e facilita a implementação dos primeiros passos no desenvolvimento de projetos com ciência de dados, diz, João Miguel Mesquita, Diretor Editorial da CIO Portugal.
“A pessoa precisa ter conhecimentos em programação, computação, matemática e estatística para saber administrar uma grande quantidade de dados, mas sobretudo ser versátil, conseguir transitar conforme a demanda vai exigindo dela, porque vão surgindo problemas no dia a dia”, acrescenta Marlon Tavares.
Para lá do conhecimento técnico, o executivo de operações e negócio da Supero Tecnologia, Valdemir Silveira, explica que é importante ser uma pessoa com visão de negócios, para junto ao cliente definir a melhor estratégia de como aqueles dados podem trazer resultados para aquele negócio.
