Na abertura do Web Summit 2018 sem dúvida o momento mais emotivo, para qualquer profissional de TI, foi o da subida ao palco, em Lisboa, do criador da Internet, Tim Berners-Lee. Que abordou os temas mais sensíveis para o setor, nomeadamente os que tem sido alvo de desconfiança por parte de utilizadores e juristas. Tendo levantado as principais questões que o RGPD tenta defender. O direito ao anonimato, a liberdade de expressão e os seus limites, e o poder excessivo das tecnológicas. Berners-Lee não poupou o setor com as criticas que entendeu expressar mesmo que dirigidas a maioria dos que se encontravam na sala. Empresários, executivos de TI, lideres de equipas, e engenheiros de software ou profissionais de marketing digital.
Berners-Lee disse que o momento que atravessa o setor, “não é só uma questão de reforçar leis, é também uma questão de mudar mentalidades”. Apelou a necessidade de lutar por coisas tão simples com liberdade individual e a liberdade de expressão. Alertando também para as consequências da defesa do anonimato – “como proliferação do discurso do ódio na Internet.”
Berners-Lee fez um apelo direto aos developers para que estes tenham atenção na criação de plataformas de software, “é necessário pensar nas implicações quando escrevem aquela linha de código pois esta vai influenciar a liberdade de expressão”.
Berners-Lee lembrou que em 2019, mais de metade da população mundial vai estar conectada à Internet e que “Há problemas com o que temos de lidar”. Defender os direitos liberdades e garantias é para Berners-Lee a pedra de toque que originou a Magna Carta para a Web. Um documento que tem como objetivo chegar a um consenso internacional entre governos, empresas tecnológicas e utilizadores da Internet na criação de uma espécie de constituição mundial para a Internet, que possibilitará resolver problemas como o abuso de privacidade, a utilização de dados pessoais ou empresariais de forma indevida e ainda as tão faladas fake news, entre outras questões que suscitam apreensão por parte da sociedade na utilização da Internet. Este documento está a ser desenvolvido pela World Wide Web Foundation liderada pelo criador da Internet.
Berners-Lee terminou a sua intervenção com o grito de ordem “#ForTheWeb!”