Blockchain eleva 200% procura de competências associadas

No mercado de trabalhadores sem vínculo fixo, dos EUA, os profissionais com habilitações para trabalharem com a tecnologia são o segundo grupo mais procurado.

Os programadores de blockchain agora estão em segundo lugar entre os 20 profissionais, cuja procura mais cresceu homologamente em 2017, nos EUA, segundo a Upwork. De outra perspectiva, os postos de trabalho anunciados para trabalhadores com essas competências mais do que duplicaram no corrente ano, diz a Burning Glass Technologies.

Ficando apenas atrás dos profissionais habilitados para robótica, os tecnólogos de blockchain pedem 115 dólares por hora, de acordo com a Upwork, site de emprego especializado em trabalhadores sem vínculo laboral fixo ou freelancers.

Em seguida, na lista de competências com procura de mais rápido crescimento, há outro tópico relacionado com blockchain: programadores de moeda digital Bitcoin. As 20 competências de freelance com crescimento mais rápido no terceiro trimestre registaram incremento de procura de mais de 100% em relação ao ano anterior.

No grupo das primeiras dez os crescimentos foram maiores do que 200% em relação ao mesmo período de 2016, de acordo com a Upwork. Um novo estudo da empresa de analítica de dados de trabalho, Burning Glass Technologies, também descobriu que, entre 2016 e 2017, houve um aumento de 115% nos postos de trabalho para especialistas de blockchain.

Actualmente, existem cerca de quatro mil anúncios relacionados com blockchain, de acordo com a pesquisa da empresa de analítica. Não é difícil imaginar a perícia em blockchain como uma “competência disruptiva”, com procura em rápido crescimento difícil de satisfazer, de acordo com a Burning Glass Technologies.

Além dos serviços financeiros, o sector da Saúde e imobiliário também exploraram o uso da blockchain para os chamados “smart contracts” que são automaticamente executados quando se verificam condições predefinidas.

Enquanto a tecnologia e os padrões de contratação estão nos seus estágios iniciais, é boa ideia que para os empregadores começarem a descobrir onde poderão recursos humanos com talento para trabalhar com blockchain. Mesmo se estão ainda a tentar perceber que a tecnologia vai mudar os seus negócios.

“Devido à sua ligação com “criptomoedas”, a blockchain está associada a finanças e grandes bancos como o Liberty Mutual, Capital One e Bank of America já iniciaram operações com a tecnologia, diz a Burning Glass Technologies no seu blog. “Também há empresas dedicadas ao desenvolvimento de aplicações para blockchain, como a Consensys Corporation. Mas a procura associada é muito mais ampla, incluindo grandes empresas de consultoria como a Accenture e a Deloitte e empresas de tecnologia como a IBM e a SAP”, diz a empresa.

Esta é uma evidência adicional de que o mundo dos negócios começa a levar a blockchain a sério. A CME , por exemplo, anunciou esta semana que planeia lançar uma oferta de futuros sobre bitcoin.

A capitalização de mercado da Cryptocurrency cresceu nos últimos anos para 172 mil milhões, com a Bitcoin a representar mais de metade do total, ou 94 mil milhões, de acordo com a CME . As empresas estão a considerar a utilização de registos distribuídos em cadeias de blocos para criar mais eficiência, eliminando a necessidade de haver uma gestão centralizada, como é exigido com uma base de dados relacional.

“Estamos definitivamente a receber muitos pedidos de consulta sobre blockchain e as suas implicações em ambientes empresariais. Eu acho que é impulsionado em grande parte pelo facto de, quando há uma nova, até certo ponto, as pessoas querem ser compatíveis com aquela que é mais recente e melhor “, diz  Zulfikar Ramzan (RSA)

Procuram também questionar os seus fornecedores de tecnologia sobre a blockchain para usar em registos de auditoria e/ou verificáveis. Uma forma de vista como fiável para monitorizar o que aconteceu numa organização e satisfazer os auditores no âmbito regulatório, de acordo com Zulfikar Ramzan, CTO da RSA Security (Dell EMC Infrastructure Solutions).

“É um tópico muito quente agora”, considerou Ramzan em uma entrevista anterior para o Computerworld.com. “Estamos definitivamente a receber muitos pedidos de consulta sobre blockchain e as suas implicações em ambientes empresariais. Eu acho que é impulsionado em grande parte pelo facto de, quando há uma nova, até certo ponto, as pessoas querem ser compatíveis com aquela que é mais recente e melhor “.

Os bancos, no entanto, estão a avançar na direcção da adopção em massa devido a capacidade de a tecnologia suportar a criação de um sistema aberto e transfronteiriço de liquidação e conciliação de transacções financeiras. A IBM, por exemplo, desenvolveu um novo serviço financeiro baseado em blockchain para ser usado como suporte a uma mercado de instrumentos financeiros, por vários bancos.

No início deste mês, a IBM associou-se a um fornecedor de sistemas de pagamentos polinésio e a uma rede de pagamento fintech open source, para implementar uma nova bolsa internacional baseada em blockchain. O registo deverá servir 12 moedas diferentes nas ilhas do Pacífico, bem como na Austrália, na Nova Zelândia e no Reino Unido.

A Mastercard também lançou a sua própria rede baseada em blockchain para permitir que bancos e comerciantes parceiros façam pagamentos transfronteiriços de forma mais rápida e segura. O serviço do operador pode ser usado para confirmar transacções de cartão de crédito e eliminar tarefas administrativas usando regras de “contratos inteligentes”, acelerando assim, a liquidação de transacções.

 

Além dos serviços financeiros, o sector da Saúde e imobiliário também exploraram o seu uso para os chamados “smart contracts” que são automaticamente executados quando se verificam condições predefinidas. Por exemplo, a IBM Watson Health e a US Food and Drug Administration estão explorando o uso da blockchain para troca segura de dados sobre o paciente, incluindo registos médicos electrónicos sensíveis, ensaios clínicos e dados recolhidos de dispositivos móveis e wearables.

Karim Lakhani, professor de administração de empresas da Harvard Business School, comparou o impacto da blockchain ao da Internet. Isto porque cria uma rede aberta e distribuída capaz de permitir a todos partilhar dados de forma segura. “A liquidação [de transacção de acções] leva demasiado tempo porque o processo decorre de sistema para sistema… e pode levar dias, ter custos elevados para transferir dinheiro por todo o mundo e em vários sistemas … face a uma plataforma de mensagem directa numa rede “, considera Lakhani.

Trata-se, segundo o mesmo, de ter um registo aberto e distribuído em que se pode verificar as transacções em curso e definir segundo uma lógica programada como as acções acontecem, com redução de custo nas transacções. Impulsiona o surgimento de aplicações inovadoras que podem ser desenvolvidas superando os benefícios dos sistemas de bases de dados relacionais.

” “É um novo paradigma na forma como a informação é armazenada, partilhada e como se age sobre mesma”, acrescentou Lakhani.

Cada bloco vinculado a um participante específico

A blockchain acaba por ser um registo electrónico, semelhante a uma base de dados relacional. Pode ser partilhado abertamente entre diferentes utilizadores para criar uma referência imutável das suas transacções, cada uma marcada e vinculada à anterior. Também pode ser usado como registo electrónico privado.

Cada registo ou transacção digital no segmento denominado bloco (daí o nome), e permite que um conjunto aberto ou controlado de utilizadores participe num modelo partilhado de “livro de contas” electrónico.

Cada bloco está vinculado a um participante específico. O encadeamento ou registo só pode ser actualizada por consenso entre os participantes no sistema. E uma vez inseridos novos dados, nunca mais podem ser apagados. Um bloco contém um registo verificável de cada transacção já feita no sistema.

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