5 tecnologias que vão dar que falar em 2017

A IoT vai estar em todo o lado. A realidade virtual vai consolidar-se. Vão encontrar-se inúmeras aplicações para a tecnologia “blockchain” e as máquinas vão continuar a aprender, enquanto a segurança se torna mais complexa. A sua empresa está preparada?

IoT IDGNowA Internet das Coisas poderá ser uma das tecnologias que mais atenção vai captar em 2017. Já foram feitas muitas experiências e a tecnologia está suficientemente madura para se começar a encontrar em todo o lado. No entanto, a segurança, em particular dos terminais, é ainda a grande preocupação dos responsáveis de TI.

Também a realidade virtual ou aumentada vai surgir em cada vez mais aplicações. Afinal a adesão ao Pokemón Go foi massiva. As aplicações possíveis são vastas passando pelo mundo da moda ao comércio automóvel.

O reforço da segurança com múltiplos passos de autenticação será também uma das áreas para a qual os especialistas têm de estar atentos. A inteligência artificial está aí e os métodos de segurança têm de estar preparados para lidar com a ausência da intervenção humana detectando comportamentos anómalos automaticamente.

Finalmente, a tecnologia “blockchain” poderá generalizar-se a outras aplicações para além das famosas bitcoins. Rransacções seguras entre bancos e rastreabilidade de bens alimentares são apenas algumas das aplicações possíveis.

O ano da Internet das Coisas

Tudo indica que 2017 poderá ser o ano da Internet das Coisas, Internet of Things ou IoT. O conceito básico de dispositivos conectados não é novo.

Esses dispositivos são coisas que, tradicionalmente, não estavam ligadas à Internet, como carros, casas ou equipamentos industriais e que neste momento assentam em tecnologias agora amadurecidas que permitem a sua utilização de formas que estavam antes circunscritas ao mundo da ficção científica.

Agora, como na altura em que o IoT era pouco mais que um conceito, o principal problema continua a ser a segurança.

Não existem ainda standards generalizadamente aceites para os dispositivos IoT – embora não exista fata de candidatos – e os fabricantes não parecem estar a trabalhar com afinco para que os dispositivos “endpoint” IoT sejam tão seguros como outros terminais mais tradicionais como computadores portáteis ou smartphones.

Esta situação tem implicações a nível da segurança dos sistemas. Um ataque a um dispositivo IoT “per se” não é grave, mas é o suficiente para entrar numa rede (“botnet”) e explorar as falhas de dispositivos como DVR, câmaras de segurança e outros dispositivos que podem tonar-se num “exército zombie” capaz de afectar acessos à internet através do ataque, por exemplo, a fornecedores de serviços de registo de domínios.

Zeus Gerrravala, colaborador da Network World, salienta que a segurança é um grande desafio, enquanto as analises da Forrester Research apontam para que em 2017 mais de meio milhão de dispositivos IoT serão comprometidos.

Seja como for, o IoT vai agitar a computação em 2017 seja através do suporte a uma série de novas tecnologias seja através de ciberataques devastadores.

Arranque das realidades aumentada e virtual

A utilização da realidade virtual (VR) e da realidade aumentada (AR) vai aumentar substancialmente em 2017, tirando partido de dispositivos como tablets ou smartphones. Segundo a IDC 25% das empresas tecnológicas na área empresarial vão testar aplicações de negócio com realidade virtual para utilização em smartphones até ao final de 2017.

O vice-presidente da IDC, Tom Mainelli, responsável pelo grupo de dispositivos e AR/VR, assegura que “há um forte interesse em torno da realidade aumentada”. A conclusão é retirada de conversas informais e de pesquisas realizadas junto dos decisores na área das TI.

O exemplo provavelmente mais mediáticos são os HoloLens da Microsoft, um dispositivo para utilizar na cabeça. Mas, aponta Mainelli, “estão a ser criadas aplicações e processos em dispositivos que os consumidores e as empresas já possuem”.

O Pokémon Go permitiu a experimentação generalizada da realidade aumentada, mas muitas outras soluções já foram implementadas.

A Toys R Us utiliza uma aplicação para conduzir os clientes até aos produtos na loja e a North Face permite aos clientes o acesso a vídeos de 360 graus nos quais os clientes podem ver-se com as roupas comercializadas na loja. Também a Audi criou uma solução para fazer testes de condução virtuais ou incluir extras e opções nos seus automóveis.

Mainelli acredita que “a realidade aumentada vai ter o mesmo tipo de impacto nas empresas que os PC tiveram ao longo dos anos”. E acrescenta “quanto os fabricantes conseguirem perceber o que podem fazer com esta tecnologia, o negócio vai mudar substancialmente. Eventualmente, a realidade aumentada poderá tornar-se na nova forma de interacção dos utilizadores com os dispositivos, conteúdos digitais, objectos físicos e dados”.

Outras previsões AR e VR da IDC

– Em 2017 o investimento do retalho em hardware, software e serviços AR/VR vai aumentar 145% para mais de mil milhões de dólares (949 milhões de euros);

– Três em cada 10 empresas da Fortune 5000 vocacionadas para o consumo vão incluir experiências de AR/VR nas suas campanhas de marketing em 2017;

– Em 2019, 10% de todas as reuniões assentes na web vão incluir componentes de AR, o que levará a mudanças substanciais no mercado de conferências web avaliado em três mil milhões de dólares (2,85 mil milhões de euros).

Protecção AAA chega ao mundo da ciber-segurança

A segurança vai ser uma dor de cabeça para os profissionais de TI. As tecnologias vão ter de mudar para favorecer as tecnologias de informação e as tecnológicas apontam para um novo standard de segurança como possível solução. É a protecção AAA: automação, analítica e inteligências artificial.

Na prática, as plataformas de segurança vão criar e executar automaticamente controlos assentes em novas ameaças detectadas sem intervenção humana. A automação reduz o tempo de resposta entre o momento em que os sistemas são comprometidos e a ameaça é neutralizada, reduzindo a janela de oportunidade para os atacantes provocarem danos.

Os motores analíticos de segurança recolhem dados das redes e dos terminais para procurar anomalias que apontem para ameaças. Ao definir a normalidades, estes mecanismos detectam comportamentos fora do comum e verificam se representa alguma actividade maliciosa.

Ao incorporar inteligência artificial e machine learning, vai aumentar a capacidade de detecção de anomalias não apenas no tráfego da rede, mas também em máquinas, utilizadores ou em combinações de utilizadores e determinadas máquinas.

À medida que as plataformas se tornam mais sofisticadas e de confiança serão capazes de detectar ataques tão cedo quanto possível, neutralizando-os antes que se torem ameaças activas.

Estão envolvidos nestes desenvolvimentos empresas de grande dimensão como a Cisco com a plataforma Tetration Analytics, a IBM com a computação cognitiva para a ciber-segurança Watson ou a Google/Alphabet com o DeepMind lab.

Nos EUA estão também em curso pesquisas a nível governamental que poderão ter impacto no mundo da ciber-segurança em 2017. É o caso da Intelligence Advanced Research Projects Activity (IARPA), o braço de investigação radical do departamento do Director Nacional de Inteligência que presente construir um sistema – o programa Cyberattack Automated Unconventional Sensor Environment (CAUSE) – para monitorizar tudo desde pesquisa de termos a actividades nos meios sociais para identificar sinais que possam indiciar ciber-ataques.

Perspectivas de curto prazo de segurança segundo o Gartner

– Até 2020, 60% das empresas digitais vão sofrer falhas de serviço importantes, devido à incapacidade das equipas de segurança de TI para gerir o risco digital;

– Até 2020, 60% dos orçamentos de segurança de informação empresarial estarão alocados a abordagens de detecção e resposta imediatas, aumentado de menos de 30% em 2016;

– Até 2018, um quarto do tráfego de dados empresariais vai circular directamente entre dispositivos móveis e a “cloud”, sem passar pelos controlos de segurança empresariais:

– Durante 2018, mais de metade dos fabricantes de dispositivos IoT não terão capacidade de responder a ameaças, como resultados de práticas de autenticação frágeis.

Fenómeno “blockchain”

As “blockchain”, profundamente relacionadas com a moeda virtual bitcoin, tem o potencial de vir a revolucionar as transacções, diz o mercado. No início do próximo ano, algumas empresas vão testar esta tecnologia para procurar reduzir custos de transacções, agilizar interacções com parceiros e acelerar processos de negócio.

Os “blockchain” assentam numa arquitectura distribuída, que assegura a qualidade das transacções, armazenando e carimbando com data e hora todos os tipos de dados de forma, para já, inviolável. A tecnologia “blockchain” assegura a credibilidade no mundo digital certificando transacções sem necessidade de intermediários.

No mundo financeiro, as “blockchain” poderão mudar substancialmente a forma como as instituições fazem pagamentos e executam transferências, processam transacções de activos ou lidam com os relatórios de conformidade.

Fora do sector financeiros, os analistas estão a identificar oportunidades para a tecnologia em funções críticas de negócio desde a cadeia de abastecimento à manufactura, passando pelos serviços jurídicos ou de saúde. A tecnologia também pode ser aplicada à rastreabilidade de bens alimentares ou a documentos relacionados com transacções de imobiliário, pois podem criar registos à prova de alteração e verificáveis no formato encriptado sem ter de recorrer a autoridades centrais.

Os responsáveis de TI afirmam que estão interessados não em redes públicas anónimas seguras, mas em “redes fechadas dentro de grupos específicos de pessoas, em particular entre empresas que têm de interagir”, explica Roger Kay, fundador e presidente de inteligência de mercado da Endpoint Technologies Associates.

Num “blockchain” (cadeias de blocos) cada elo de uma corrente de transacções forma um bloco ligado criptograficamente ao bloco anterior. As novas transacções são autenticadas através de uma rede distribuída antes da criação do próximo bloco.

“Os blocos estão sempre agregados e cada um tem uma representação encriptada do que aconteceu antes, para que se possa verificar a autenticidade. Não se pode mexer na corrente em nenhum ponto”, explica Kay. É um sistema de confiança que “dispensa a necessidade de garantias de terceiros”.  Tal não significa que a tecnologia “blockchain” esteja madura. “Está a dar os primeiros passos”, alerta Kay.

Os “early adopters” já criaram centenas de projectos piloto, mas ainda terá de percorrer-se um longo caminho até à adopção generalizada dos “blockchain”. Entre os obstáculos encontram-se desafios técnicos, ausência de standards e de modelos de governação, falta de competências e preocupações relacionadas com a personalização.

O World Economic Forum (WEF) estima que já tenham sido investidos 1,4 mil milhões de dólares (1,33 mil milhões de euros) em tecnologia “blockchain” nos últimos três anos. Mais de 90 empresas já integraram um consórcio de desenvolvimento de blockchains e já foram propostas mais de 2500 patentes. O WEF prevê que, em 2017, 80% dos bancos vão dar inicio a projectos que envolvem esta tecnologia.

O interesse de exploração das potencialidades da tecnologia por parte das grandes empresas é também grande. O Gartner recomenda, no entanto, começar por pequenos testes limitados vocacionados para problemas específicos.

As empresas podem começar por identificar de que modo as redes distribuídas poderão contribuir para melhorar processos de negócio afectados, actualmente, por processos transaccionais ineficientes e de que modo é que os fornecedores de tecnologias os podem ajudar.

Prever o futuro com “machine learning”

O maior desafio das empresas que pretendem utilizar a “machine learning” e a computação cognitiva tem sido a contratação de cientistas de dados que se dedicam a estudar formas de transformar dados em algoritmos de inteligência artificial.

Recentemente, devido à proliferação de plataformas de “cloud computing” públicas, o panorama tem-se alterado. A Amazon Web Services (AWS), a Google, a Microsoft, a IBM e outras tecnológicas criaram plataformas de “machine learning” assentes na cloud. Na prática democratizou-se a tecnologia, acessível agora a qualquer programador que pretenda utilizar a tecnologia nas suas aplicações.

A “machine learning” é o processo de utilizar dados para fazer previsões de comportamentos futuros. É normalmente utilizada na protecção de fraude (computadores treinados para detectar comportamentos anómalos) e programas que prevêem receitas futuras ou antecipam a saída de clientes.

Também esta tecnologia está a dar os primeiros passos. Um estudo recente da Deloitte revela que apenas 8% das empresas utiliza tecnologia de machine learning. A Allied Market Research prevê um crescimento composto anual de 33% até 13,7 mil milhões de dólares (13 mil milhões de euros) em 2020.

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